10 RAZÕES QUE LEVAM A QUE A LEI DA CÓPIA PRIVADA SEJA TOTALMENTE IDIOTA

(para quem não sabe, foi aprovada uma lei que diz que todos os objectos digitais de arquivamento vão sofrer uma taxa: de disco rígidos, a telemóveis, a pens passando por computadores)

1- Sou autor há mais de vinte anos (áreas televisiva, literária e fotográfica) e no primeiro mês como autor senti que devia inscrever-me na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). Achei que eles estavam lá para nos facilitar. No final desse mês perdi a minha inocência com a SPA. Apesar de quem me tinha contratado já ter pago à SPA em meu nome, para depois a SPA me pagar, ficando com comissão, a SPA tinha usado esse dinheiro para pagar a outros autores com ordenados de outros empregadores em atraso. Hã?! Exacto. Desisti da SPA ao fim de 3 meses porque se repetiu sempre o mesmo. Assim, passei a receber directamente de quem me contratava.
Em teoria faz sentido que seja a SPA a pagar aos autores o que lhes é devido desta lei. Mas a SPA não tem quaisquer capacidades para gerir os pagamentos a milhares de autores. Só quem nunca trabalhou com eles pode achar o contrário.

2- Enquanto autor preciso de um disco rígido. Sem ele nada do que escrevo ou fotografo fica arquivado. Ou seja, esta lei está a dizer que se eu arquivo material da minha autoria sou um pirata de mim mesmo.

3 – Quando fotografo, e tenho ganho prémios internacionais e sou publicado também lá fora, prestigiando o país, preciso de muitos megas. É facílimo encher um disco com 2 teras de memória com fotografias. Como há sempre o perigo de a minha casa ser assaltada, o disco rígido estragar-se, etc, tenho dois back ups em discos rígidos externos. Também eles de dois teras. Segundo esta nova lei, apenas para poder arquivar o meu material, que tem vindo a ajudar a que Portugal seja falado internacionalmente, terei de pagar uma taxa a multiplicar por dois backups.

4- Esta lei parte do princípio que eu vou arquivar vídeos, filmes, músicas que pirateei. O secretário de estado ainda deve estar a viver em 2008. Hoje em dia a maioria das pessoas que vê filmes ou séries sem pagar faz por streaming. Será que ele nunca ouviu falar no Wareztuga ou no PopCorn Time?

5- Será que ele também não ouviu fala na Cloud? Basicamente é um disco rígido gigantesco a quem eu alugo uma % de espaço por uma pequena quantia mensal. A maioria das empresas de cloud estão no estrangeiro e a preços cada vez mais baratos. Há já alguns de borla.

6 – O facto de ele dizer que um disco rígido por si só pode ser um elemento para arquivar pirataria, é o mesmo que decidir colocar um imposto na compra de carros para distribuir pelo Serviço Nacional de Saúde porque os carros podem provocar acidentes e assim sobrecarregar os hospitais.

7 – Para além de autor sou empresário, e vejo isto como mais uma medida que prejudica a economia, porque praticamente tudo o que seja tecnológico vai aumentar de preço: para além dos disco rígidos, dos ipads, dos telemóveis, das consolas, de pens que vão custar mais do dobro, etc, a própria mensalidade do Meo ou da Zon e caso tenham uma caixa com DVR com disco vai aumentar.

8- Será que o secretário de estado da cultura sabe que vivemos num mundo global onde posso comprar o que quiser em lojas online, que já por si têm preços mais baratos que nas lojas em Portugal? Eu vou deixar de comprar na FNAC e passarei apenas a comprar na Amazon ou noutra loja internacional que seja mais barata. Isto é mesmo bom para a balança comercial.

9- E já agora… o que é um autor? Supostamente é aquele que faz uma obra. Mas é autor o que faz uma obra e a vende? Ou também é autor aquele que cria apesar não ter vendas? Qual destes irá receber dinheiro? Em teoria deviam receber os dois. Mas se assim for, a partir de agora qualquer pessoa faz um mini livro em self publishing e já pode ser considerado autor e candidatar-se a receber dinheiro.

10- E por fim, como se define quanto é que cada autor ganhará? Tem a ver com o número de vendas unitárias do seu trabalho, com a quantidade de obras que faz, pela qualidade da obra?

Agora sim, é mesmo o fim: o António José Seguro já teve esta ideia há uns dois anos e rapidamente desistiu porque percebeu a sua imbecilidade. Quando o António José Seguro desiste de uma ideia sua é porque isso é assunto radiactivo. Ninguém se deve aproximar dele. Pelos vistos o Secretário de Estado deve ter muito pouco com que se ocupar.

Francisco Salgueiro – Autor (que acha esta lei uma imbecilidade apesar de em teoria vir a beneficiar com ela) www.franciscosalgueiro.com www.franciscosalgueirophotography.com

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